Como ter extracurriculares que te destacam de 50 mil aplicações?

Um dos assuntos mais falados quando pensamos em estudar nos Estados Unidos são as famosas extracurriculares. Quando eu apliquei pela primeira vez (apliquei duas vezes, uma durante o Ensino Médio e outra depois de um Gap Year), eu só vomitei todas as atividades que já tinha feito na seção de Atividades do Common App (plataforma em que você se aplica) e acabei não entrando nas faculdades que eu queria. Durante meu Gap Year, eu decidi não só escolher estrategicamente quais atividades eu iria mencionar, mas também me comprometi a construir novas extracurriculares que me distinguissem no meio da multidão e foi assim que consegui exatamente o resultado que eu queria. Então, eu sei que é complicado pensar em que extracurriculares fazer para impressionar a universidade dos seus sonhos.  Por isso, vou te explicar os 5 passos para construir extracurriculares significativas que se destaquem em um mar de aplicações.

 

1)Escolha ter uma Big Spike e não ser Well-rounded

 

Assim que entrei nesse mundo de estudar fora, eu fui rodeada por expressões como “Well-rounded”, “Big Spike”  ou ainda pensava que tinha que fazer algum esporte exótico (já até pensei em fazer esgrima, vê só), participar de mais de 1000 horas de trabalho voluntário e isso tudo enquanto deveria ter notas altíssimas no Ensino Médio. Mas, na realidade, isso é um grande mito. 

 

Para dar uma luz no assunto, um aluno “Well-rounded” é aquele estudante que tem milhares de extracurriculares, enquanto um estudante com uma “Big Spike” foca a maioria de suas extracurriculares ao redor de um só tema. A “Big Spike” se destaca mais, pois as faculdades preferem qualidade em vez de quantidade, ou seja, preferem um estudante que demonstre impacto e excelência em algumas extracurriculares no lugar de um outro que faça 30 extracurriculares, mas não é acima da média em nenhuma. Por isso, vale a pena focar as suas atividades ao redor de um só tema, mas como descubro o tema certo para mim?

 

2) Defina um Tema para sua Aplicação 

 

Analisando a minha primeira aplicação, eu vejo que tinha muitas extracurriculares e redações desconexas que diziam coisas completamente diferentes sobre mim. Isso provavelmente deixou meu perfil muito confuso para pessoa que estava lendo minha aplicação. Por isso, na segunda vez, eu escolhi dois elementos que achei que resumiriam as atividades que mais gosto de fazer: empreendedorismo e pessoas (tipo serviço ao próximo ou voluntariado, etc). Eu defini esse tema usando as respostas das seguintes perguntas: 

 

1) O que me motiva? 

2) Se todas as atividades que já fiz pudessem ser ligadas a uma área, qual seria essa área?

3) Como o curso que escolhi vai ter ligação com minha aplicação?

4) Se eu pudesse resumir os eventos e conquistas mais importantes da minha vida em 4 palavras ou menos, quais seriam essas palavras?

 

Depois de analisar direitinho qual tema se aplicava melhor pra mim, eu peguei uma folha em branco, pus um círculo no meio com o meu tema, e escrevi quais possíveis atividades eu poderia fazer que se ligavam diretamente com esse tema. 

 

3) Foque no Impacto 

 

Depois de achar o tema da sua aplicação, você deve focar suas atividades no impacto que elas trouxeram até agora, ou seja, dê o seu máximo para que suas atividades atinjam o máximo de pessoas possíveis ou tenham um impacto positivo na comunidade em que você vive. No meu caso, eu criei um negócio de consultoria em que eu ofereci planos estratégicos personalizados para pequenas empresas que estavam com dificuldades financeiras por causa da pandemia. Escolher como sua atividade está afetando as pessoas ao seu redor é a parte mais importante dessa coluna, pois isso é o elemento que, na prática, tira você da mediocridade . As atividades não precisam ser necessariamente extraordinárias, mas precisam demonstrar que você muda o ambiente que você está para o melhor. Afinal, as faculdades querem estudantes que vão transformar o campus e, mais tarde, o mundo.

 

Então, no seu caso, você deve se fazer essas três perguntas super simples: 

 

1) Como eu poderia impactar a minha comunidade com as habilidades que eu já tenho? 

2) Como eu posso ser o melhor nas atividades que eu já estou fazendo? 

3) Como tudo isso vai estar ligado ao tema da minha aplicação? 

 

Lembre de usar as piores situações que você ou sua comunidade estão passando como oportunidades de causar uma mudança profunda no contexto em você está inserido. Talvez, no começo, seja um pouco complicado de criar um impacto significativo, mas não desista! Com o tempo, você consegue.

 

4) Alinhe sua Aplicação às suas Extracurriculares 

 

Como eu disse, seu perfil deve estar claro para a pessoa que analisará sua aplicação. Hoje, não vamos falar das Essays (redações), mas vale lembrar que elas devem pintar a mesma imagem que as suas extracurriculares. Isso não significa que você deve falar apenas das suas atividades nas suas redações, mas, se você tem um tema relacionado a inovação, então escreva redações que façam a faculdade notar facilmente qual o seu tema.  No geral, é essencial fazer uma aplicação que os avaliadores possam lembrar naturalmente. Para que isso aconteça, é muito necessário ter extracurriculares e redações que se conectam.

 

Outra coisa que vale mencionar é que as extracurriculares devem ser ligadas a quem você realmente é. Os avaliadores lêem milhares de aplicações todos os anos, então sabem notar quando você está fingindo ser alguém que não é. Agora, vamos finalmente para o último passo!

 

5) Preencha o Common App estrategicamente

 

Na primeira vez que me apliquei, descrevi minhas atividades como se fossem um texto com várias explicações e conectivos. Isso pode até funcionar em lugares como o Resumé ou CV, mas o Common App lhe oferece apenas 150 caracteres para falar da sua extracurricular. Então, você deve ser objetivo e estratégico sobre suas palavras. Aqui vão duas dicas gerais que me ajudaram nesse processo: 

 

1) Em vez de descrever em forma de texto, descreva em forma de lista. Um exemplo pra você ter uma ideia de como é:

 

EXEMPLO DE UM ASSISTENTE DE LABORATÓRIO/ PESQUISA:

 

EXEMPLO NÃO TÃO BOM	EXEMPLO BOM
Trabalhei como assistente de laboratório de Dr X em nossa pesquisa sobre a evolução dos dinossauros no período pré-histórico e também analisei e categorizei amostras de X, Y e Z no meu tempo livre. (35 palavras)	Assistente de laboratório em pesquisa sobre evolução de dinossauros na pré-história: Analisei/ categorizei amostras de X e Y e escrevi/ editei o artigo final da pesquisa. Artigo publicado em revista Z. (32 palavras)

 

Olha quanta informação eu consegui encaixar no mesmo espaço no “exemplo bom”! 

 

2) Mostre os resultados que você conseguiu com suas atividades. Um exemplo em inglês pra ilustrar melhor: 

 

EXEMPLO DE UM ESTUDANTE QUE PARTICIPAVA DE CLUBE DE EMPREENDEDORISMO:

 

EXEMPLO NÃO TÃO BOM	EXEMPLO BOM
Led a group focused on an app, called X, that focuses on the concept of giving carpools to college students. Worked as the team leader and financial advisor.	Led a group focused on a transportation app. Worked as the team’s leader. Competed and won startup competition. Guest speaker at business event.

 

No segundo exemplo, é possível notar de forma bem mais clara os resultados dessa pessoa, enquanto o primeiro exemplo foca em detalhes não tão importantes. 

 

Gente, vale lembrar que esses são só exemplos, não fiquem intimidados por essas atividades interessantes. Pelo contrário, usem isso como inspiração para achar atividades ainda mais legais que essas! 

 

Enfim, é só isso por hoje! Espero que as dicas tenham ajudado muito e que suas aplicações deixem o avaliador pensando: “Nossa, preciso conhecer essa pessoa!” 

 

Até a próxima, 

 

Marília 🙂

 

Marília Gabriele, 19 anos, é uma recifense arretada e orientanda do Globeducar. Apaixonada por inovação, empreendedorismo e por fazer a diferença, já participou de diversas iniciativas de transformação local e, recentemente, foi aceita para o programa de Business da University of Texas at Austin.